08/07/2022: Quebrada Puca Orjo - Laguna Chuyanecocha
O principal do desafio do dia era cruzar o Abra Chumpe, de quase 5400 m. Seriam uns 500 metros de desnível subindo pelas “moraines” do glaciar sul do Nevado Chumpe até o “paso”, caminho que eu já conhecia de uma exploração anterior, realizada em 2018.
O dia amanheceu nublado e, à medida em que eu subia, o clima ia deteriorando-se, confirmando-se minha preocupação, até começar a nevar na metade do caminho. Minha ideia de observar a rota ao P. 5780 desde o ponto mais alto se frustrou, devido à baixa visibilidade. Por sorte, após cruzar o “paso” terminou a nevasca e, chegando à Laguna Chuyanecocha, em cujas imediações havia planejado montar meu acampamento base, pude armar a barraca sem maiores problemas. Esse seria o acampamento mais alto, a 5268 m.
Saí para investigar o glaciar do Chumpe e constatei que sua entrada estava um pouco diferente de quatro anos atrás. Antes, alguns blocos de gelo tocavam as “moraines” laterais, permitindo um acesso relativamente fácil. Nas condições atuais, não encontrei nenhuma língua glaciária próxima às “moraines”, estando o glaciar defendido por uma barreira de imensos “séracs”, afastados da borda por um desnível considerável. Seria preciso ficar um dia aqui para averiguar bem as possibilidades de superar essa barreira de forma segura. Porém, com o clima instável, era preferível tentar escalar o P. 5780 o quanto antes.
Muito provavelmente, a entrada ao glaciar seria mais fácil do outro lado do “paso” e minha intuição dizia que seria melhor tentar a rota por lá. Infelizmente, como a visibilidade estava quase nula quando passei por esse ponto, não pude comprovar isso durante a minha vinda. Decidi sair essa madrugada bordeando o glaciar em direção ao “paso” e, caso não encontrasse nenhuma entrada adequada, cruzaria o “paso” descendo, novamente, para a vertente da Laguna Sibinacocha e fazendo a tentativa mais para o sul. A desvantagem é que essa opção acrescentaria 120 m de subida na ida, pois seria necessário subir outra vez o Abra Chumpe, e um número de metros indeterminado para subir o “paso” na volta, dependendo até onde eu descesse. Fui dormir com esse plano na cabeça.