03/07/2022: Pacchanta - Laguna Ticllacocha
Saí da vila de Pacchanta (4328 m) com uma mochila pesando uns 25 kg. Além da barraca, roupas e equipamentos de alta montanha (botas duplas, crampons e um par de piolets técnicos), levava comida para 10 dias de expedição. Também acrescentei um pouco de material técnico de escalada. Apesar de estar sozinho, levei equipo suficiente para realizar um procedimento de auto-segurança (incluindo corda, um par de estacas pequenas, cadeirinha, dois ice screws, mosquetões, fitas e freio), caso tivesse que cruzar por uma greta perigosa em algum glaciar.
A trilha nesse primeiro dia é bem-marcada e leva de Pacchcanta até o Abra Jampa (5073 m), um “paso” que permite cruzar da vertente norte para a parte leste do Nevado Ausangate (6372 m) e um velho conhecido meu, das diversas expedições exploratórias que já realizamos na região. Esse também é o caminho mais transitado da Vilcanota, pelos grupos que realizam o Circuito Ausangate, o famoso trekking que contorna essa montanha em 5 dias.
Esse era o único trecho onde seria possível cruzar com outros caminhantes e turistas. Após o Abra Jampa, meu roteiro se desviaria para uma zona bem remota da Vilcanota, em que a probabilidade de encontrar mais alguém era mínima. Apesar de já conhecer a paisagem, a visão dos maciços do Ausangate e Cayagante sempre impressiona, compensando o esforço da longa subida até o Abra Jampa. São mais de 700 m de desnível desde Pacchanta, tendo, nesse primeiro dia, que carregar a mochila com seu peso máximo, com toda a comida.
Do Abra Jampa temos uma visão privilegiada de outro gigante da Vilcanota, o Nevado Jatunhuma (6093 m), além dos cumes do extremo sul do Cayangate, como o Tinki, o Caracol e o Puca Punta. Pouco depois do “paso”, saí da trilha principal e desci diretamente em direção às “moraines” do glaciar do Puca Punta, buscando a Laguna Ticllacocha, meu destino do dia. Encontrei, ao lado do riacho que desce desde a lagoa, uma pequena e perfeita área plana, onde armei meu primeiro acampamento.