10/07/2022: Laguna Chuyanecocha - Laguna Yanacocha
No oitavo dia de expedição comecei a caminhada de retorno até a vila de Mallma. Do Nevado Chumpe até lá são, aproximadamente, 45 km, e minha ideia seria completar esse percurso em 2 dias. O caminho é, predominantemente, em descidas, percorrendo o longo vale glaciar entre os nevados Jatunhuma e Cayangate, a oeste, e os nevados Chumpe e Colque Cruz, a leste.
É uma das paisagens mais bonitas da Vilcanota e, praticamente, desconhecida pelos turistas. Essa rota de trekking existe há pouco tempo e é uma consequência do retrocesso do glaciar sul do Nevado Chumpe e do glaciar sudeste do Nevado Jatunhuma, permitindo a passagem pelo “paso” a quase 5400 m de altitude agora chamado de Abra Chumpe. A primeira referência a esse “paso” encontra-se na edição do AAJ - American Alpine Journal de 2005, no relato de uma expedição tcheca que realizou algumas escaladas na região. Na edição seguinte, em 2006, uma expedição americana também utilizou o Abra Chumpe subindo desde a Laguna Sibinacocha, informando que o mesmo não era transitável para animais de cargas, mas que, com o tempo, isso poderia tornar-se possível. Atualmente, as mulas cruzam tranquilamente esse “paso” e, com a ausência do gelo do glaciar, uma trilha consolidou-se no terreno.
A descida acompanha as inúmeras e gigantescas “moraines”, permitindo uma visão privilegiada das montanhas ao redor, cuja grandeza impressiona. Após a Laguna Huarurumicocha surgem os cumes do Nevado Colque Cruz (6102 m), uma das montanhas mais bonitas da Vilcanota e, certamente, de toda a Cordilheira dos Andes. Seus cumes são numerados de I a VI, sendo o Colque Cruz I o mais alto, uma gigantesca pirâmide de gelo e neve que fascinou os primeiros montanhistas que passaram pela região.
Para cruzar as “moranes” do Colque Cruz é preciso enfrentar a principal subida nesse trekking de retorno, um falso “paso” que permite cruzar do vale da Laguna Huarurumicocha para outra zona de “moraines”, um ponto de confluência com o glaciar que separa os nevados Jatunhuma e Cayangate. Após uma longa descida, cheguei nessa zona de confluência, onde corre um pequeno rio vindo das “moraines”, lugar ideal para montar o último acampamento.