06/07/2022: Suyrucochapampa - Quebrada Huampunimayo

A tarefa de marcar o caminho no dia anterior facilitou a jornada de hoje. O “único” trabalho era seguir a trilha e subir. E que subida! Foi a mais dura da travessia. Apesar de um desnível de apenas 400 m, o terreno é bastante irregular, com alguns trechos bem inclinados. Fácil para uma vicunha, complicado para alguém levando uma mochila pesada.



Na parte final, pouco antes do Abra Huayruro Punco (5423 m), havia bastante neve depositada. A trilha chega a um falso “paso”, uma aresta que antecede a crista do cume do Nevado Huayruro Punco. Nesse ponto a trilha desapareceu, coberta pela neve, cuja acumulação tornou a encosta ainda mais íngreme. Chegar ao “paso” parecia algo impossível, pois a neve estava profunda e as pernas enterravam-se até os joelhos. Foram necessárias três tentativas em pontos distintos, subindo e descendo, até encontrar um trecho onde o terreno estava mais firme, permitindo a progressão quase vertical até a crista do cume. Na parte final, consegui escalar por algumas rochas e, finalmente, alcancei o “paso”. Esse é um lugar com uma vista privilegiada, permitindo observar todo o maciço do Jatunhuma e as montanhas da parte oriental da Vilcanota, desde o campo de gelo do Quelccaya, passando pelo Nevado Yayamari (6049 m) até o grupo dos nevados Colque Cruz (6102 m) e Chumpe (6106 m), onde eu pretendia subir um cume ainda não escalado.



Pensei em seguir pela aresta até o cume do Huayruro Punco. Já havíamos subido essa montanha em 2016 por um contraforte de sua face norte, mas com toda essa neve não valia a pena o esforço. Ainda estava distante de meu objetivo e era melhor guardar as energias. Por sorte, as condições da neve do outro lado do “paso” estavam bem melhores. Coloquei os crampons para transitar pela neve dura com maior segurança, o que me permitiu descer rapidamente até o vale, na base do Huayruro Punco. A partir de agora, voltaria a caminhar por terreno já conhecido por mim até o final da expedição. Cheguei em um pequeno rio que desce do glaciar no Pajo (5474 m) e decidi acampar nesse ponto, a 5166 m de altitude.